A história do clube começa com a palavra "Botafogo", que era a alcunha do galeão da marinha portuguesa, chamada de São João Batista. O galeão recebeu esse nome devido ao seu imenso poder de ataque, com 366 bocas de fogo e canhões de bronze. Lançado ao mar no século XVI, o navio era um dos mais poderosos de sua época, se não o maior.
Ficou famoso por seu papel na conquista de Tunes, onde ajudou a romper as defesas do porto, quando Carlos V solicitou apoio naval aos portugueses e requisitou especificamente o “Botafogo”.
Um dos membros da tripulação, o nobre João Pereira de Sousa, artilheiro do navio, acabou herdando o apelido de Botafogo. Ele depois se estabeleceria no Brasil e viria a lutar contra franceses e índios Tupiniquins, recebendo como recompensa da coroa portuguesa terras na Baía de Guanabara, que, por isso, passaram a ser conhecidas como terras do Botafogo.
Assim surgiu o bairro Botafogo, que mais tarde daria nome ao Clube de Regatas Botafogo e ao Botafogo Football Clube.
Clube de Regatas Botafogo
Fundado em 1° de julho de 1894, foi o primeiro clube carioca campeão brasileiro de remo. Seu foco eram os esportes aquáticos. Sua sede ficava na praia de Botafogo, e o clube se destacou com o barco Diva, que se tornou uma lenda nas águas da Baía de Guanabara ao vencer todas as 22 regatas que disputou, sagrando o clube como campeão carioca de 1899.
Botafogo Football Club
No ano de 1904, surgia no bairro de Botafogo um novo clube de futebol, o Electro Club. A associação nasceu a partir da ideia de Flávio Ramos e Emmanuel Sodré, que estudavam juntos no colégio Alfredo Gomes. Na tarde do dia 12 de agosto, Flávio, Emmanuel e outros colegas com idade entre 14 e 15 anos fundaram o Electro Club, no chalé de um velho casarão em ruínas da rua Conselheiro Gonzaga, gentilmente cedido aos garotos por Dona Chiquitota, avó materna de Flávio. Foi ela, inclusive, quem sugeriu que mudassem o nome do clube para Botafogo.
Dessa forma surgia o Botafogo Football Club.
O Glorioso
Em 1907 conquistou seu 1º Campeonato Carioca. Em 1909 aplicou a maior goleada da história do futebol brasileiro, um 24 a 0 contra o Mangueira.Em 1910 conquistou novamente o Carioca, dessa vez de forma avassaladora, marcando 66 gols em 10 jogos. A campanha histórica conferiu ao clube o apelido de O Glorioso.
Após essa conquista, o clube iria em busca do bi em 1911, mas uma briga genralziada em uma partida contra o América mudaria o destino do clube. Um zagueiro do América deu uma entrada violenta em Flávio Ramos (jogador e fundador do Botafogo), provocando uma pancadaria entre jogadores e até torecedores.A Liga Metropolitana de Esportes Atléticos decide punir dois jogadores do Botafogo (suspensões de 6 a 12 meses aproximadamente) e nenhum do América. Em protesto, então, o Botafogo abandona a liga e passa a se ocupar com disputa de amistosos apenas. No entanto, não disputar o Carioca afetou de forma grave as receitas do clube, fazendo com que o clube vendesse sua primeira sede, na rua Voluntários da Pátria, no Largo dos Leões.
Tetracampeonato
Nas décidas de 1910 e 1920 o clube viveu uma entressafra, e só voltaria a conquistar o Campeonato Carioca na década de 30. No entanto, seu retorno ao topo foi triunfal, pois conquistaria o até hoje indédito tetracampeonato carioca, com 4 títulos seguidos, em 32, 33,34 e 35. Nessa última conquista, o destaque do time foi Leônidas da Silva,
Década de 40
Na década 40 houve a fusão entre o Club de Regatas Botafogo e o Botafogo Football Club, que ocorreu no ano de 1942, após uma partida de basquete disputada entre os dois.
Nesse dia o jogador Albano, um dos principais jogadores do Botafogo Football Club e da Seleção Brasileira, saiu atrasado do trabalho e chegou à quadra com o jogo já em andamento. Durante o intervalo, Armando se abaixou para pegar uma bola e caiu desfalecido na quadra. Prontamente o jogador foi levado ao vestiário e a partida recomeçou. Porém, após alguns minutos tentando trazê-lo de volta à vida, a notícia de sua morte interrompeu o confronto.
Envolvidos em uma profunda atmosfera de comoção, os dirigentes das duas agremiações optaram pela união dos clubes. Nascia assim o Botafogo de Futebol e Regatas.
A década de 40 foi curiosa para o clube, pois foi rica em vários sentidos, mas vazia de títulos. O clube contou com Heleno de Freitas, o maior ídolo do clube na era pré-Garrincha, mas só voltaria a ser campeão após a sua saída, em 1948, quando se sagrou campeão carioca. Heleno fora vendido para o Boca Juniors, para que o Botafogo resolvesse suas questões financeiras, já que mais uma vez o clube se via cercado de dívidas.
Foi também em 1948 que o cachorro Biriba, que pertencia ao zagueiro reserva Macaé, invadiu o campo durante um jogo de aspirantes, e acabou sendo adotado pelo presidente do clube Carlito Rocha.
Outro evento importante na década de 40 foi a composição do mais famoso hino do clube, obra criada pelo compositor Lamartine Babo.
O apogeu nas décadas de 50 e 60
O Botafogo atingiu seu auge nas décadas de 50, contando com muitos craques como Manga, Moreira, Sebastião Leônidas, Baltazar, Didi, Pampolini, Zagallo, Nílton Santos, Gérson, Carlos Roberto, Paulo César Caju, Rogério, Paulo Valentim, Ferreti, Afonsinho, Amarildo, Jairzinho, Quarentinha e Garrincha.
Em 58 cede três jogadores para o time titular do Brasil campeão do mundo na Suécia, sendo eles Garrincha, Nílton Santos e Didi, eleito o melhor jogador da Copa.
No ano de 62, cedou cinco jogadores para o time titular da seleção brasileira bicampeã do mundo; os 5 incluídos na seleção dos melhores do mundo: Nílton Santos, Didi, Zagallo, Garrincha e Amarildo. Garrincha foi até o único jogador a ser campeão, melhor jogador e artilheiro de uma Copa do Mundo.
Títulos
O clube venceu seu primeiro Rio -Sao Paulo em 1962, ano em que se sagrou bicampeo carioca. Em 1964, bicampeao do Rio-Sao Paulo. No final da década, ganhou 3 vezes o Triangular de Caracas, torneio bastante prestigiado na época, superando adversários como o Barcelona, Peñarol, e Benfica. Foi também no final da década de 60 que o Botaofog, agora comandado pelo seu ex-jogador Zagallo, conquistou mais um bicampeonato cacrioca, e seu primeiro campeonato brasileiro, na época chamado de Taça Brasil.
As excursões
O Botafogo investiu muito em excursões e torneios no exterior porque essas competições e amistosos eram mais rentáveisdo do que as competições brasileiras e sulamericanas, como Libertadores e Taça Brasil. Dessa forma, o clube focou menos em competições oficiais em favor de disputas mais lucrativas ao redor do planeta. Trocou a chance de títulos por dinheiro, em bom português.
21 anos sem título
O ocaso do imprério alvinegro começou após a conquista de Taça Brasil em 1968/1969. Em 1971, mesmo com 4 tricampeões no elenco, Carlos Alberto Torres, Brito, Paulo César Caju e Jairzinho, e e após dominar boa parte do Carioca, o Botafogo tropeçou e ficou o vice. No recém criado Campeonato Brasileiro, o time chegou ao triangular final com São Paulo e Atlético Mineiro, mas não conseguiu abocanhar o título.
O Botafogo ainda bateu na trave no ano seguinte, chegando também à final do Brasileiro de 72, edição em que aplicou uma goleada de 6 a 0 no rival Flamengo; mas perdeu a final para o Palmeiras. No ano seguinte, o clube ainda se vingaria, elimando o próprio Palmeiras na Libertadores, mas sem conseguir avançar à final.
A crise financeira
Em 1976 o clube atingiu o auge dos seus problemas financeiros e vendeu a sua sede, em General Severiano, para a Vale do Rio Doce. Isso ocorreu durante a gestão do presidente Charles Macedo Borer, e o clube passaria a jogar em Marechal Hermes a partir de então. Charles Borer tinha ligação com o SNI e governo militar, logo era um adversário político do ilustre jornalista e treinador botafoguense João Saldanha, que era comunista. Foi odiado pela torcidada por ter vendido a sede a uma estatal do governo militar, e disse na época “que pouco importava a torcida”.
Ele foi presidente do Botafogo em dois mandatos (1976-1978/1979-1981). Além da venda da sede, desfez-se dos grandes jogadores, mesmo tendo os sócios levantado dinheiro suficiente para que ao menos a sede não fosse vendida. Borer demonstrava não ter interesse pelo futebol, e foi motivo de muitos protestos por parte dos torcedores, que chegaram a invadir o campo com um caixão para simbolizar a morte do dirigente.
Time do Camburão
Além da venda da sede, jogadores e dívidas, Borer deixou um legado interessante: o Time do Camburão de 1977, que contava com Paulo César Caju, Mário Sérgio, Dé Aranha, Manfrini, Búfalo Gil, Perivaldo, Ubirajara, Renê Pancada, Nilson Dias, Carbone, ademir vicente e Rodrigues Neto.
Era um time boêmio que não gostava de treinar cedo e desafiava o próprio presidente. Mário Sérgio e Renê gostavam de brincar de atirar em placas de trânsito. Paulo César Caju não costumava jogar às quintas-feiras pois às quartas havia noites especiais na então famosa Boate Regine`s. PC Show. O time acabou ficando marcado pela malandragem excessiva, não conquistou títulos e foi vendido peça por peça ao longo da década. Ainda assim, deixou um recorde até hoje na história do futebol brasileiro: a equipe logrou ficar 52 partidas sem perder, marca até hoje não superada.